O GOLEIRO DO VOVOZINHAS ESPEROU SENTADO
Jogo do Vovozinhas noticiado pelo jornal |
Tempos do Vovozinhas, mais
tarde Associação Atlética de Santo Amaro, time do deputado-radialista Alcides
Teixeira, um carioca que veio de Alagoas para fazer a vida em Pernambuco e por
aqui ficou. Alcides era uma figura carismática, que fazia o gênero populista.
Apresentava diariamente um programa de rádio de grande audiência, dedicado às
avós – era o Programa das Vovozinhas. Daí surgiu a Associação Atlética das
Vovozinhas. O dono do time era titular absoluto na ponta esquerda.
Durante muito tempo, a
equipe era dirigida por Manta, exímio violonista de um grupo regional da Rádio
Clube, onde Alcides apresentava seu programa diário. Vem a ser pai do treinador
Pedro Manta, de muito prestígio no futebol nordestino. Sempre havia atrações,
pois jogador de clube grande que estava sobrando, reforçava o Vovozinhas para
ir mantendo a forma e continuar em evidência. Assim, sempre havia alguma
novidade. Vez por outra era convidado um time profissional para enfrentar o
Vovozinhas, e como a entrada era franca, o acanhado estádio estourava de tanta
gente. Havia um jogo semanalmente, noturno, transmitido pela Rádio Clube, a emissora de Alcides Teixeira. O patrocínio era da cerveja Antártica, e as partidas, na sua maioria, eram narradas por Vicente Lemos.
Alcides Teixeira |
Walter Bezerra, que serviu à Polícia Militar de Pernambuco e compôs durante muito tempo o quadro de juízes da FPF, vestia a camisa de goleiro no Vovozinhas. Só fazia mesmo vestir, pois ficava na reserva o tempo todo, sempre esperando uma chance que nunca vinha. Toda semana, o time do deputado realizava um amistoso no campo da TSAP, a Tecelagem de Seda e Algodão de Pernambuco, onde nasceu o Íbis. A cada jogo, Walter estava firme no banco, como um reserva obediente. Mas nada de jogar.
Eis que em certa ocasião surgiu a tão ansiada oportunidade. Às vésperas de um
amistoso, os outros goleiros se machucaram. Enfim, aproximava-se o dia de
glória. Todavia, para sua decepção, na última hora um dos ‘enfermos’, mesmo
capengando, disse que estava apto. Walter se chateou. Porém, resignado, decidiu
continuar no banco, pois havia a promessa de entrar no decorrer da partida.
Bola correndo, o goleiro que entrara, mesmo não recuperado de todo, ia levando
o barco. Veio o segundo tempo e nada de Walter ser acionado. Até que em dado
momento, o goleiro titular não aguentou mais. Walter se animou e começou a se
preparar, mas o técnico fez o inacreditável, improvisando um lateral no gol.
Walter, perplexo e cabisbaixo, resmungou: “Não é possível, nem assim eu
jogo”... Não esperou que o jogo terminasse. Trocou de roupa, indignado, e se
mandou. Sua rápida carreira como jogador terminara ali.
Comentários
Postar um comentário