O Central contratou um
técnico chamado Joaquim Belizário, que procedia do Deportivo de Cochabamba,
Bolívia, e tinha muitos esquemas táticos na cabeça. A presença de um treinador
internacional em Caruaru agitou os torcedores e os jornalistas da Capital do
Agreste. Belizário assumiu numa quarta-feira e estreou no domingo seguinte.
Animado e curioso com a novidade, Roberto fez questão de acompanhar a preleção
do treinador momentos antes de o time entrar em campo. Ficou cem por cento
otimista ao tomar conhecimento do plano tático estabelecido pelo novo comandante.
O esquema de Joaquim Belizário era infalível.
– O time começa jogando
com o goleiro, que dá a bola ao lateral Adolfo.
Adolfo avança rápido e solta no meio pra Zito. Zito dá três passos e
estica pra Fernando Lima na esquerda. Fernando Lima levanta na área, Toinho
mete a cabeça, gol!
As tramas repetiam-se pela
direita, centro e esquerda, numa alucinante sucessão de investidas, às quais
nenhuma equipe resistiria. Era como se fosse uma série de incursões aéreas em
plena guerra.
Roberto Lyra esfregava as
mãos, já antevendo o que estava para acontecer. Finalmente, graças à arrasadora
tática, a tendência era o Central se transformar numa fábrica de gols.
Cada hipotética investida
de Joaquim Belizário terminava com a bola na rede. Uma fartura de gols...
O jogo era contra o Santa
Cruz, time de Roberto e seus irmãos. Só que naquele dia, por razões óbvias, ele
e o resto da família estavam na corrente contrária.
Confiante e entusiasmado,
Roberto Lyra dirigiu-se para seu lugar no reservado da diretoria e fez questão
de guardar o segredo para si. Ficou esperando os gols, que foram saindo, mas do
outro lado. Quando o Central já estava levando de quatro, o candidato a cartola
pegou o beco, decepcionado e frustrado, sem esperar o término do encontro.
Ou seja, a tática de Belizário fizera efeito contrário.
Republicado no meu Blog
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