BASSU ACABA O JOGO E EVITA A GOLEADA
Na sua coluna neste blog, intitulada “Alô, Alô, Saudade”, o jornalista Paulo Moraes (Aragão) rememora figuras do Íbis, incluindo membros da família Ramos, que desde o ancestral Onildo Ramos, um dos fundadores, vêm segurando a peteca. Não fossem eles, o Pássaro Preto já teria batido as asas e sumido no espaço sem fim.
Aproveito o momento ibiense para contar uma história que
faz parte do meu segundo livro “Comigo ou Sem Migo” (2006), com velhos fatos
pitorescos do futebol. O título do capítulo é “Bassu acaba o jogo”. Para quem
não sabe, Bassu era um misto de soldado da Polícia Militar de Pernambuco e
jogador do Íbis. Vamos lá:
“O Náutico, sob o comando do iniciante Ênio Andrade –
tinha substituído Gentil Cardoso em meio à campanha, embora o Moço Preto
tivesse sido campeão no ano anterior –, enfrentava o Íbis, nos Aflitos, pelo
Campeonato Pernambucano.
Os irmãos Nado e Bita faziam misérias, contando ainda com
a ajuda de Nino, Ivan etc. Era uma tarde em que o sol esturricava a pele dos
jogadores. Os gols iam saindo, para o lado do Náutico, logicamente, levando os
ibienses ao desespero. A turma do Pássaro Preto fazia de tudo para conter o
ímpeto alvirrubro, mas não conseguia. Era inevitável que apelasse para a
violência.
O árbitro Evandro Ferreira foi contemporizando, levando
na conversa – um esporro aqui, outro ali – mas não deu jeito. Começou a apontar
para o caminho do vestiário, pois ainda não existia o cartão vermelho, e
geralmente o juiz fazia um gesto bem claro, às vezes até autoritário, para
indicar que o jogador estava expulso.
Evandro Ferreira |
As expulsões foram se sucedendo, e aquilo que já estava fraco foi se debilitando mais ainda. E ia ficando cada vez mais aberto o caminho para o Náutico aplicar uma das sonoras goleadas que a pobre equipe de Santo Amaro sempre levava. Só Bita já tinha balançado a rede três vezes. O show de bola de Nado ia levantando a torcida, e se o íbis com força total não tinha como encarar a ‘fúria’ alvirrubra, imagine inferiorizado numericamente.
Quando o Íbis estava só com sete jogadores e era cada vez
mais concreta a possibilidade de levar uma verdadeira tunda, o folclórico Bassu
chegou junto de Evandro e perguntou:
– Seu juiz, até com quantos jogadores o time pode ficar
em campo?
– Sete – respondeu o juiz.
– Pois o senhor é um filho da puta!
Foi expulso imediatamente por ofensa à autoridade, e o
jogo terminou ali porque o Íbis ficou sem número legal para continuar em campo.
Pelo menos naquele jogo, a extravagante goleada não aconteceu.
Republicado no meu Blog
ResponderExcluir