ALÔ, ALÔ, SAUDADE-Paulo Moraes

 PARA MIM, VALE O ÍBIS DO PASSADO



 

Oi, o nosso querido Íbis ficou pelo caminho. O desejo de voltar à primeira divisão do futebol pernambucano, afastado dela, há 20 anos, ficou no sonho. Para variar, no turno final da Segundona, teve duas derrotas, uma a mais do que o número de vitórias. Pouco importa que o amado Pássaro Preto continue em baixa. Pelo menos, pra mim, vale mesmo o Íbis do passado. De belas, atraentes e saudosas histórias. E vamos contá-las, agora. São fatos relatados no segundo capítulo de minhas memórias ibienses. A primeira, já revelada aqui na coluna, foi para o arquivo.

 

Família Ramos: Cristiano, o pai Ozir, Onildo Neto e Júnior (Arquivo Sérgio Leandro)


"Vamos, meu Íbis pra luta", assim começa o hino oficial do clube. Lá no fim é dito que "nosso lema é competir - ver o Íbis triunfar". Competir sempre foi o forte do rubro-negro dos pequenos (o rubro-negro dos grandes, sempre foi e é o Sport), triunfar, nem tanto.

O que interessa é dizer que o filho de Ozir Ramos, que já foi ao encontro de Deus, Ozir Ramos Júnior, é o atual presidente do Íbis. Empresário do ramo gráfico, Ozir Júnior, hoje, com 63 anos de idade, foi jogador no meio-campo do 

seu clube. O irmão Omar, que é o atual presidente do Conselho Deliberativo, também nos anos 80 foi zagueiro. Outro também, o melhor de todos, Cristiano, vestiu a camisa do Íbis. Era meia. Foi campeão juvenil pernambucano pelo clube, em 1996. No ano seguinte, andou lá pela Vila Belmiro. Isso mesmo, nas divisões de base do Santos. Não aguentou a saudade e voltou. E no Íbis, tornou-se presidente de 2011 a 2015. Trabalha, hoje, na operadora OI.

 

Mauro Shampoo fez o Íbis ficar mais conhecido

E a sede do Íbis? Não sei, se já existiu algum dia. Lembro que tudo era resolvido na casa de Ozir, o pai, como deve ser agora, na casa do filho. Ozir, o pai, morou na Avenida Ministro Marcos Freire, no bairro de Casa Caiada, orla de Olinda. O número da casa, 2973, onde hoje está erguido o edifício Dolce Vita. 

Fica ao lado do Colégio Dom. Claro, que na área da praia.

O Íbis é fantástico. Teve a primeira mulher presidente de um clube no Brasil, a advogada Sílvia Costa. Hoje, aposentada, Sílvia, presidente em 1984, foi diretora da Polícia Civil de Pernambuco.

Falei no comentário anterior de nomes curiosos do Íbis, como o de Bassu, de Caroá. Agora me lembro de outros. De Loloca, de Ugiete, de Paulete, de Bolinha, de Fael. Paulete saiu do Íbis para o Santa Cruz. No Tricolor lembro de apenas um só jogo de Paulete, como titular. O que sei mesmo é que Paulete é torcedor apaixonado do Santa e não do Íbis. Encontro-o sempre num dos bares de Olinda, o Bar das Três Marias, na orla de Casa Caiada, onde costumamos tomar alguns goles de uísque. Ele, normalmente, vestido com a camisa tricolor, às vezes de calção preto com a lista de três cores, e ao lado da mulher dele. De Ugiete, não tenho notícias. Muito menos, de Loloca. E Necão? Foi lateral esquerdo. Quando jogou depois no América era chamado pelo técnico da época, o argentino Dante Bianchi, de Necón.

Esse era o Íbis dos anos 70, dos anos 80. De Antônio Carlos, um atacante autor do único gol na vitória sobre o Sport, no estádio do Arruda, num domingo dessa época. O gol, Antônio Carlos marcou com uma chuteira emprestada pelo próprio Sport. Coisas do íbis do histórico torcedor Chico, de Mauro Shampoo, o hoje cabeleireiro Shampoo, dono de um salão de beleza numa galeria no bairro de Boa Viagem, a praia charmosa do Recife. 

De Mauro, tenho uma boa história pra contar. Saímos da TV Globo, no bairro de Ouro Preto, em Olinda, para uma reportagem com o atacante mais folclórico e inútil do futebol pernambucano. Eu fui como produtor, a repórter era Luciana, nem lembro mais o sobrenome dela. Chegando ao salão de Mauro Shampoo, a equipe decidiu tirar a reportagem de Luciana e passá-la pra mim. É que eu usava cabelo grande. Fiz a matéria, como nós jornalistas denominamos a reportagem, com ele cortando meu cabelo. Ficou boa a reportagem ou matéria, como queiram. Está lá, no arquivo da Globo

 Eu quero um bem prolongado ao Íbis. Este Íbis que vai pra luta e pra competir. Mas bem menos, pra triunfar. Salve o Íbis fundado em 1938 pra ser o ''o pior do mundo" mas, ao mesmo tempo, inesquecível e muito amado. ÍBIS, SEMPRE!      

 

 

Antiga linha média nos anos 40: Reginaldo, Gececa e Veneno

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