Una vasenilla de leche
Jaime
de Brito Bastos, o dinâmico administrador da Seleção Cacareco, era conhecido
como Jaime da Galinha. Jaime morava junto do Náutico e era uma figura
permanente no clube. Mais tarde formou-se em educação física, tendo exercido a
função de treinador, inclusive dirigindo a equipe do Santa Cruz. Na mocidade
foi jogador e depois treinador de basquete, tendo atuado também como técnico de
natação. Trabalhou no Sesi durante muito tempo, e juntamente com o ex-jogador e
técnico de voleibol Carlos Falcão, Carlito, organiza anualmente as Olimpíadas
Operárias. Emérito contador de histórias e exímio gozador, divertia a todos,
relatando os inúmeros causos que
vivenciara, pois tinha muito jeito para contá-los.
Jaime de Brito Bastos |
A
origem do apelido já foi contada, mas vale a pena repetir. Surgiu na época em que ele jogava basquete pelo Náutico.
Numa decisão com o Sport, nos Aflitos, por estar suspenso, Jaime portou-se como
mero espectador, misturando-se à torcida. Um torcedor alvirrubro apareceu com
uma galinha preta amarrada a uma fita vermelha, portanto, nas cores do
adversário. Sem dúvida, um catimbó para segurar o time rubro-negro.
O problema era encontrar alguém que tivesse coragem de jogar a ave
no meio da quadra. Hoje seria uma ação merecedora de reprimenda, mas naquele
tempo, ninguém dava importância. Jaime, chegado a uma galhofa, encarregou-se da
tarefa. Foi aquela agitação, com correrias, da galinha e dos jogadores em meio
à quadra.
A partir daquele incidente, como havia outras duas pessoas no
Náutico chamadas Jaime, quando alguém se referia ao autor do ‘galinhaço’,
tratava-o como “Jaime, o da galinha”. A alcunha pegou.
No
Equador, certa vez Da Galinha tomava seu café matinal em meio a uma grande
confusão, com os garçons se desdobrando para atender a demanda. Além dos
hóspedes comuns, o hotel alojava as delegações do Brasil e do Uruguai. Em dado
momento, o administrador da delegação do Brasil começou a chamar um garçom,
inutilmente. Já estava perdendo a
paciência, quando Laudenor Pereira, o médico da equipe brasileira, muito
brincalhão, foi em seu auxílio. Jaime queria um copo de leite, mas não
conseguia ser entendido. Laudenor passou-lhe o bizu:
–
Primeiro, se chamar garçom, ele não atende. Chame moço e peça uma vasenilla de
leche.
Demorou,
mas apareceu um, por sinal, muito apressado, por causa do momento de pique que
o restaurante estava vivendo. E quando Jaime fez seu pedido, ouviu, espantado,
a resposta intempestiva e malcriada:
–
Va a la mierda.
Dito
isso, o empregado do hotel deu as costas a Jaime e retirou-se, esbravejando.
Num canto do salão, Laudenor Pereira abria uma sonora gargalhada, divertindo-se
com o desconcerto de Jaime da Galinha, que na realidade, sob a (des)orientação
do médico da delegação e locutor esportivo, tinha pedido um penico de leite. Certamente, o garçom
achou que era gozação. E era mesmo, só que para cima de Jaime da Galinha, que era da pândega e levou tudo por menos.
Muita saudade de Jaime. Gente da melhor qualidade, sempre pronto para uma brincadeira ou para ajudar um amigo.
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