O cantor
Renato Barros, fundador do conjunto Renato & Seus Blue Caps, e que acaba de
partir para o outro mundo, era apaixonado por futebol. Em 1975, quando o Sport
formou a decantada ‘Seleção do Nordeste’, sagrou-se campeão pernambucano,
encerrando um jejum que já entrava para o 13º ano, e derrotou o Flamengo, no Maracanã,
o consagrado artista era um dos que estavam no vestiário da equipe pernambucana,
badalando e sendo badalado após o histórico triunfo do Leão.
Dirigido por
Duque, o Sport o havia formado uma equipe de cobras criadas. Dario, o célebre
Peito de Aço, era o carro-chefe. Desengonçado, tendo até dificuldade para
dominar a bola em certos momentos, Dadá Maravilha ou Dadá Jacaré, como também lhe
chamavam, com seu jeito falastrão, seus gols e as frases de efeito, tipo “com
Dadá em campo não há placar em branco”, encantava a torcida. Nos anos em que
vestiu a camisa leonina, 1975 e 1976, foi o artilheiro do Estadual, com 30 e 32
gols, respectivamente.
No Campeonato
Brasileiro após o triunfo em cima do Flamengo, o vestiário leonino foi invadido
por muita gente famosa, como Ademir, que brilhou no Vasco, Fluminense e Seleção
Brasileira, e que deu seus primeiros passos profissionalmente vestindo a camisa
do Leão.
(Foto: blogsdiariodepernambuco.com.br) |
Como já
disse, o blue cap Renato Barros estava lá. Ele é considerado o autor de uma
música de exaltação ao Sport, que diz “chegando lá na Ilha do Retiro, ô abre
alas que o Sport vai passar”, mas o cantor e compositor pernambucano Leonardo
Sullivan atribui a si a autoria.
Em meio à
euforia, o centroavante Dario, que tinha sido do Flamengo, e estava feliz por
ter derrotado o ex-time, tirou sua camisa, a 9, e deu de presente a Renato.
Este vestiu-a orgulhosamente e saiu desfilando pelo vestiário. Logo foi
interpelado pelo técnico Duque:
– Quem lhe deu
essa camisa?
– Dario –
respondeu o cantor, certo de que, dada a senha, o assunto estava encerrada. Que
nada?
– Pois passe
ela pra cá, que o Sport ainda tem dois jogos pra fazer fora (Figueirense/SC e
Confiança/SE) e não pode estar distribuindo camisa não – ordenou o técnico, do
alto de sua autoridade.
Surpreso, mas
resignado, mesmo porque estava na casa dos outros, o artista simplesmente
obedeceu à ordem do treinador. Pouco depois, ao passar pelo Peito de Aço, este
perguntou-lhe por que já havia tirado a camisa, que ele lhe dera com tanto
gosto. Ao ouvir a explicação do amigo, o centroavante só não fez subir pelas
paredes. Sentiu-se afrontado e deu uma senhora bronca em Duque, recuperou o
presente e fez Renato desfilar novamente com a 9 do Leão.
O Peito de
Aço tinha moral.
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