SELEÇÃO CACARECO (01): Pernambuco vestiu a amarelinha



Rubem Moreira (D) com o presidente da CBD, João Havelange



Em   1959.  Pernambuco   foi   indicado   pela CBD (Confederação   Brasileira   de   Desportos) para representar o Brasil num campeonato sul-americano extraordinário em Guayaquil, no Equador.

A decisão   causou muita alegria entre os pernambucanos. O Recife era a terceira cidade do Brasil e   funcionava como um centro regional nos mais diferentes ramos de atividades.
Entre   outros   destaques, a Veneza Brasileira, como era chamada, tinha   o   único   aeroporto   internacional   do Nordeste, com   intenso   movimento   de   aviões, principalmente no rumo da Europa.

A   situação   privilegiada   desfrutada   pela capital pernambucana pode ser constatada por esta relação das dez capitais estaduais mais populosas, na   época, incluindo   o   Rio   de Janeiro, que era a Capital Federal:
1) São Paulo – 3,4 milhões de habitantes;
2) Rio – 2,8 milhões;
3) Recife – 785 mil;
4) Salvador – 571 mil;
5) Porto Alegre – 553 mil;
6) Belo Horizonte – 534 mil;
7) Fortaleza – 391 mil;
8)  Belém – 328 mil;
9) Niterói – 282 mil;
10) Curitiba – 249 mil.

PERNAMBUCO FALANDO PARA O MUNDO
Era   o   tempo   em   que   a Rádio   Jornal, inaugurada em 1948 pelo jornalista e empresário F. Pessoa de Queiroz, anunciava   seu   prefixo   numa   forma nada modesta: “Pernambuco   falando   para   o mundo. Rádio Jornal do Commercio, a voz mais potente do Brasil!”

Não havia nenhum exagero. Na realidade, com suas poderosas ondas curtas, de 49, 31, 25 e 19 metros, além da onda média, a PRL- 6 levava seu som para todos os quadrantes do Planeta. 

Hoje, com a verdadeira revolução pela qual o platô das comunicações passou, um complexo sistema como aquele é desnecessário, bastando a onda média. ontem. É que em qualquer cidade do País há uma pequena ou média estação de rádio, e as programações passaram a ser regionalizadas. Todavia, há resistências, como a poderosa Rádio Sociedade da Bahia.

A Rádio Jornal pertencia à Empresa Jornal do Commercio, detentora do matutino Jornal do Commercio e do vespertino Diário da Noite.

A poucos metros da EJC, localizada na central Rua do Imperador, funcionava o Diario de Pernambuco, na Praça da Independência, popularmente chamada de Pracinha ou Praça do Diário. O DP pertencia aos Diários Associados, conglomerado nacional, proprietário das Rádio Clube de Pernambuco e Tamandaré.

As estações de televisão TV Jornal e TV Rádio Clube, mais tarde TV Tupi estavam a poucos meses de sua inauguração.

Além dos jornais já citados, o Recife tinha, circulando diariamente, a Folha da Manhã, Jornal Pequeno, Diário da Manhã, Correio do Povo e Folha do Povo, este sediado em Jaboatão dos Guararapes.

FURO DO DIARIO
Na edição de 21 maio de 1959, o Diario de Pernambuco dava um autêntico furo de reportagem nos seus concorrentes, com esta manchete, longa, mas de acordo com os padrões da época, elaborada pelo seu editor de Esportes, Adonias de Moura: “Pernambuco com a responsabilidade de representar o Brasil no Sul-Americano Extra de Futebol no Equador.”

Vale salientar que Adonias, além de sua competência profissional tinha muito prestígio com o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Rubem Moreira, que forneceu a informação.

Uma notícia bombástica, que sacudiu a cidade. Ver   a   seleção   do   seu   Estado   escolhida para representar o País na competição mais importante da América do Sul tornava-se um motivo de orgulho para   o   torcedor   de Pernambuco.

O assunto passou a dominar as conversas no movimentado circuito situado no centro do Recife, dominado pelos bares Sertã e Savoy (Av.   Guararapes), Brahma Chopp (Dantas   Barreto / Praça do Diário) e Cristal, misto de bar e leiteria, na Primeiro de   Março.  

Respirava-se   futebol   o   dia   todo, com as discussões ou simples bate-papos, às vezes, entrando pela madrugada. Esta podia ser vivida intensamente, sem receio de assalto.

 

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