LENIVALDO ARAGÃO
Na primeira foto a ilustrar
este texto, eu e o conterrâneo José Romildo, de Santa Cruz do Capibaribe, já
falecido, estamos entre os irmãos Adilson e Ayres Albuquerque. Os dois são
ex-jogadores, como os manos Almir, o Pernambuquinho, e Arlindo, os quatro filhos
de Seu Arlindo, comerciante na Estrada dos Remédios.
Almir, o mais velho, foi barbaramente
assassinado, na noite carioca, e Arlindo também já fez a última viagem. Todos
jogaram bola, sendo que Ayres e Arlindo formaram-se depois em educação física e
trabalharam nos clubes pernambucanos.
Uma curiosidade é que,
embora Seu Arlindo fosse tricolor, os filhos, acompanhando Almir, surgiram na
base do Sport.
Sobre Seu Arlindo há uma história que me foi confirmada por Adilson e Laxixa, contemporâneo e amigo de Almir. Domingo pela manhã enfrentavam-se Sport e Santa Cruz, na Ilha do Retiro, pelo Campeonato Juvenil. Na época os torcedores misturavam-se. Seu Arlindo estava junto de um grupo de tricolores e também de rubro-negros, torcendo por Almir, que levava e dava bordoadas.
A certa altura, um tricolor, sentado ao seu lado na dura arquibancada de cimento, achou de insultar o valoroso atacante leonino,mas assacando contra a honra da mãe do futuro craque e esposa de Seu Arlindo, como ainda hoje se faz nos estádios.
Seu Arlindo não suportou a ofensa a dona Adelaide. "Você conhece a mãe do rapaz pra estar falando dessa maneira?" - interpelou o ofensor. Surgiu uma discussão. Os dois foram às tapas e formou-se aquela confusão.
"Olha teu pai metido numa briga", algum dos companheiros de Almir lhe avisou. O valente Almir pulou rapidamente o alambrado, no que foi acompanhado por alguns colegas, e assumiu o ligar do pai na troca de socos com seu desafeto...
Adilson, Lenivaldo Aragão, José Romildo e Ayres |
OS
‘CONTERRA” - Adilson brilhou no Vasco da Gama, onde Almir
imperou e ainda hoje é lembrado. Caveirinha, como é conhecido na intimidade, atuou
com Valdir, goleiro, que passou ligeiramente pelo Sport, em 1969, e com os
“conterra” Nado, Salomão, Valfrido e Pedro Paulo. Jogou ainda na Bélgica, e já
no fim da carreira voltou a vestir a camisa do Leão pernambucano.
Ayres, apelidado de
Chumbinho, passou pelo Almirante, seguindo os passos de Almir, que, mais tarde
o levou para o Boca Juniors.
– Lá, Ayres tinha mais
cartaz do que Almir – contou Adilson.
DUPLAS
DE IRMÃOS - O portal Futebol Portenho trouxe há algum tempo
uma reportagem assinada por Caio Brandão,
sob o título “Irmãos no Boca Juniors”, abordando algumas duplas formadas por irmãos
que jogavam juntos.
Abrem a lista os irmãos Burdisso – Nicolás e Guillermo, vindo
as demais duplas:
Parenga – José
e Juan
Penney
–
Alberto Juan e Arturo Patrício
Priano –
Juan e Francisco
Taggino - Francisco
e Alfredo
Fabiano –
Sebastián e Leonardo
Evaristo
–
Mario e Juan
Romero –
Victor Hugo e Alberto
Iturrieta
–
Nelson e Miguel César
Musladini
–
Carlos Alberto e Hugo Daniel.
Morais
Albuquerque – Almir e Ayres
Almir e Ayres no Boca Juniors (Internet) |
AMBIENTE
BRASILEIRO - Almir e Ayres atuaram na
Bombonera no início dos anos 60, destacando-se como
a única dupla estrangeira a entrar na relação. Diz o texto:
“Almir Morais Albuquerque despontou
no Vasco da Gama ao fim da década anterior, chegando à Seleção e sendo
contratado a peso de ouro pelo Corinthians em 1960. O ‘Pernambuquinho’ não se
deu bem no Parque São Jorge, supostamente por sofrer boicote de companheiros
enciumados. Em 1961, então, deixou-se seduzir pelo ambiente brasileiro que o
Boca Juniors reuniu, embalado com a boa imagem dos vizinhos após a Copa de
1958.
O ex-botafoguense
Paulinho Valentim, o maior artilheiro boquense contra o River, estava desde o
ano anterior, inspirando o pacote de 1961: Almir, Maurinho (ex-lateral de São
Paulo e Fluminense e mundialista em 1954), o também ex-sãopaulino Dino Sani, o
ex-colega vascaíno Orlando e o técnico Vicente Feola, estes três últimos tendo
composto o Brasil campeão mundial na Suécia. O recifense não ficou muito tempo
no Boca, jogando apenas vinte partidas, (onze gols), a maior parte em
amistosos.”
Paulo Valentim atraiu Almir e Ayres (futebolportenho) |
DEIXOU PARA O OUTRO - Almir
Pernambuquinho saiu do Boca em 1962, tendo jogado apenas uma rodada da campanha
que renderia novo título argentino. Suspenso por seis meses pela Associação do
Futebol Argentino – AFA, foi defender a Fiorentina, na Itália. No ano seguinte,
seu irmão Ayres Morais Albuquerque debutou
entre os profissionais.
Viera
junto com Almir, mas para as categorias de base. Ainda que normalmente reserva,
Ayres não comprometeu no bicampeonato nacional de 1964 e 1965, inclusive
marcando quatro vezes em suas 44 aparições, números satisfatórios para um
lateral-direito. Depois do bi, seguiu carreira no Colón, da Argentina, e no
América do México. Como o irmão Adilson, mora no Recife.
Uma extraordinária família de craques futebolísticos.
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