Lucídio José de
Oliveira
Algum de vocês
ainda se lembra de Jorge, da linha-média famosa do Vasco da Gama Ely, Danilo e
Jorge? Jogador de minha geração, nascido em 1924 ou 27, há controvérsia, era
pernambucano do Recife. Apareceu jogando no Portela, time de Jaboatão que
disputou com regular brilho o Campeonato Pernambucano de 1944 e 45, graças ao
vírus do futebol que tomara conta da cabeça do oficial militar Heleno de Barros
Nunes, futuro presidente da CBD, hoje CBF. Sediado no Recife, onde serviu à Marinha
durante o período da Guerra, com apenas 30 anos o jovem Heleno Nunes aproveitou
sua passagem por aqui para movimentar o futebol da cidade. E o fez, levando o
Portela, time amador, a disputar o campeonato.
Ely, Danilo e o pernambucano Jorge Sacramento |
Vi Jorge jogar pela
primeira vez em Caruaru, amistoso Comércio x Portela. Era um domingo de sol de
outubro de 1944, eu tinha apenas 12 anos. Vitória do Portela por 4x2. O time
jogava com um uniforme parecido com o do Boca Juniors, as cores azul e amarela
dominando o visual da camisa, o calção azul. No centro da linha média, Jorge
Sacramento, a estrela maior do time. Ainda bem jovem, com menos de 20 anos, foi
o dono do jogo. Fez um gol. Um chute pelo alto, de fora da área. Alto,
espigado, jogava com elegância. Chamava a atenção pelo futebol vistoso.
Não
demorou, e no ano seguinte estava no Rio, era jogador do Vasco. Foi jogar na
lateral-esquerda, nascia a linha média famosa Ely, Danilo e Jorge. Seria
campeão carioca, em jornadas invictas, em 1947 e 1949, ao lado de Augusto,
Barbosa, Friaça, Ademir, Chico e, naturalmente, de Ely do Amparo e de Danilo.
Seria campeão ainda em São Januário em 1952, sem falar do título
intercontinental de Santiago do Chile em 1948. Voltei a ver Jorge jogar ainda
algumas vezes, agora no Recife, nas temporadas do Vasco da Gama, comuns
naqueles tempos. Sempre o mesmo futebol, eficiente, discreto, elegante. Futebol
de craque.
Jorge no time do Vasco, onde também jogava o conterrâneo Ademir |
Mas não é de Jorge, porém, que quero falar, não é só a lembrança de
Jorge a razão desta postagem. Muito já se escreveu sobre ele, do seu futebol no
seu tempo de astro do Vasco da Gama, sobretudo da linha média do Expresso da
Vitória, sobre Ely, Danilo e Jorge. Pretendo falar de outro Jorge. De Jorge
Luiz Dias Sacramento, o filho de Jorge. Um amigo de longa data, amizade que
nasceu da comunicação pela internet. Escrevendo vez ou outra sobre Jorge, de um
futebol que me deixou marcas, o filho-leitor tornou-se um amigo. Na postagem
logo a seguir, apresento então Jorge Luiz Dias Sacramento, o filho de Jorge.
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