A grave crise econômica, social e humanitária que
assola a Venezuela obrigou o Corinthians a montar um esquema de logística
especial para enfrentar o Deportivo Lara quinta-feira (30), no jogo de
volta da segunda fase da Copa Sul-Americana.
Até o horário da partida, 16h (hora local, 17h em
Brasília), foi especificamente determinado pela Conmebol para evitar
que o duelo necessitasse dos refletores do Estádio Metropolitano de
Lara. A confederação receava que possíveis apagões pudessem atrasar o
jogo.
Em março, uma queda de energia afetou 17 dos 23 estados
venezuelanos e interrompeu diversos serviços, desde telefonia e internet, aos sinais
de trânsito.
O Corinthians derrotou o Lara lá e cá (Foto reproduzida da internet) |
Pelo mesmo motivo, o voo fretado que levou a delegação
corintiana para a Venezuela deixou o Brasil na madrugada de segunda (27) para
terça, a fim de chegar à cidade de Barquisimeto pela manhã e não depender
de luz artificial para melhores condições de pouso.
CUSTO
ELEVADO
O Corinthians teve de desembolsar cerca de R$ 1 milhão
pela viagem. O valor incluiu o voo fretado de ida e
volta, hospedagem, além de itens de higiene e alimentação, que o
clube levou do Brasil. Um cozinheiro também seguiu com a delegação. A diretoria
teve dificuldade para organizar a viagem ao país vizinho.
– Nenhuma empresa queria fazer a viagem devido às condições dos
aeroportos – disse o diretor financeiro do Corinthians, Matias
Antônio Romano de Ávila.
– O Lara demorou dois
dias para chegar ao Brasil. O Corinthians não podia correr esse risco –
acrescentou o dirigente.
UMA
VAQUINHA NO HOTEL
Na semana passada, o time venezuelano esteve em São Paulo e
perdeu a partida de ida, na Arena Corinthians, por 2 a 0. No jogo de volta, na
Venezuela, o Timão repetiu o placar.
Em 2018, o Corinthians esteve em Barquisimeto e goleou o
Lara por 7 a 2, pela Libertadores. Antes de voltar ao Brasil, os jogadores
corintianos fizeram uma vaquinha e doaram cerca de 3 mil dólares aos
funcionários do hotel onde o clube se hospedou.
– A gente não pode fazer muita coisa pelos venezuelanos. Até
para o governo do país não se sentir ofendido – afirmou Ávila.
Antes de disputar a Copa Sul-Americana, o Deportivo Lara
atuou pela Libertadores nesta temporada e recebeu o Cruzeiro em 23 de abril.
O time mineiro passou pelas mesmas dificuldades encaradas agora
pelos corintianos.
– Nós começamos a definir nossa logística desde o sorteio da
Conmebol, no ano passado, quando soubemos que iríamos jogador na Venezuela – contou
Pedro Moreira, supervisor de futebol do Cruzeiro, responsável pela logística da
viagem do clube.
Apesar do temor dos dirigentes corintianos de fazer doações aos
venezuelanos, os cruzeirenses levaram donativos.
– A gente fez uma doação [materiais de higiene] para uma entidade
que auxilia crianças, a Ciudad de los Muchachos. Mesmo com tudo o que eles
estão passando, todo mundo atendeu a gente da melhor maneira – disse Moreira.
SEM TORCIDA
Além da logística especial para enfrentar o Deportivo Lara,
o Corinthians também preparou-se para viver uma situação com a qual não está
acostumado, a ausência da torcida.
Um grupo de dez corintianos apenas, entre eles três integrantes
da Gaviões da Fiel, viajaram junto com o time para acompanhar o duelo
em Barquisimeto.
Segundo as assessorias do clube e também da Gaviões, apesar de
viajarem junto com a delegação corintiana, cada torcedor arcou individualmente
com os custos de sua viagem.
– Fizemos diversos estudos para viabilizar a ida de mais sócios,
mas é muito arriscado. Contatamos várias agências de turismo, mas não foi
possível – explicou a Gaviões, por meio de sua assessoria.
(Texto original do
jornal O
Estado, de Fortaleza)
Comentários
Postar um comentário