A viagem do Náutico e os ovos da galinha dos “países baixos”
Em
1971, precisando faturar, o Náutico arranjou uma excursão por países do Caribe.
Entre os jogadores, Mauro César, Dé, Lúcio Mauro, Ubirajara, Oscar, Zezinho
Caicó, Paulo Roberto, Elói, Naldo e Tico.
O
hoje coronel reformado e ex-comandante da Polícia Militar de Pernambuco, Nelson
Lucena, era o técnico. O empresário era um tal de Mr. Zairos, indiano, casado
com uma brasileira. Tempos depois, segundo Nelson, foi em cana, como
contrabandista.
Zairos
tinha dois auxiliares que acompanhavam o time. Um chamava-se Gunnar, definido
por Nelson, como holandês com cara de chinês. Falava seis idiomas. O outro,
cujo nome não se sabia, comunicava-se em cinco línguas.
Os
auxiliares de Mr. Zairos deixavam a turma no hotel e desapareciam, só dando as
caras na hora em que a delegação ia iniciar nova viagem. Mesmo sem a equipe
jogar, por esse ou aquele motivo, as cotas, em dólar, eram pagas
religiosamente. Tudo muito estranho, levando Nelson a desconfiar de que o Timbu
estava sendo usado pelo trio para uma maracutaia qualquer.
A
delegação chegou debaixo de fogo cerrado a Caiena, capital da Guiana Francesa,
onde o Náutico faria o primeiro jogo da excursão. É que a colônia, subjugada ao
domínio do país europeu dirigido por Charles De Gaulle, encontrava-se em plena
revolução pela independência. O pau comia.
Ainda
no aeroporto, os jogadores do Náutico ficaram apavorados ao ouvir bala zunir
para todos os lados. Mas o negócio deles era bola. Nada de bala.
Seguiram
para o Centro em kombis fretadas. Desciam correndo para entrar no hotel,
protegendo-se dos tiros. Foram três dias de tiroteio. Jogo cancelado, é claro.
Mesmo sem jogar, o clube dos Aflitos recebeu a grana a que tinha direito. Para
ficar acuado no hotel.
Divertido
foi mais tarde, já em Paramaribo, capital do Suriname, a ex-Guiana Holandesa.
Certo dia, no café da manhã, Naldo, um ponta-direita paraibano (nada a ver com
o cracão Nado, do Hexa) resolveu reforçar a bóia com ovos fritos. Só que o
garçom não entendia o que o brasileiro queria lhe dizer.
Naldo,
então, levantou-se da cadeira e levou as mãos aos “países baixos”, procurando
imitar o cocorococó de uma galinha.
O
garçom caiu numa sonora gargalhada, e logo depois o jogador era atendido, com
os ovos que solicitara usando a mímica, com muita graça.
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