Sport e Coritiba entram em campo. Os goleiros Manuelzinho e Ari conduzem uma bandeira. Depois de Manuelzinho, aparece Furlan, de gorro, e mais atrás, Ademir, a grande sensação do time pernambucano
Depois das duas derrotas em
São Paulo, uma delas por goleada, a escala seguinte do Sport em sua
peregrinação pelo Centro-Sul do Brasil foi o Paraná. Na estreia, a 4 de
janeiro, o time leonino foi derrotado por 2 x 1 pelo Coritiba.
No fim do jogo havia uma
revolta geral entre os jogadores rubro-negros contra o árbitro da delegação,
que dirigira o encontro. Para Ademir e seus companheiros, o pernambucano José
Mariano Carneiro Pessoa, o conhecido Palmeira, prejudicara visivelmente a
equipe da Ilha do Retiro, com a anulação de dois gols legítimos, além de ter validado
o gol que decretou a vitória dos paranaenses, assinalado em impedimento.
Conta-se que ao ser interpelado pelo
grandalhão Zago, Palmeira, que também era alto, teria respondido que tudo fazia
parte de um acordo, segundo o qual haveria uma vitória do Coritiba no primeiro
jogo, com o Sport ganhando a revanche, o que forçaria a realização de uma negra.
Vale
salientar que o técnico Ricardo Diez havia tomado uma atitude, no mínimo
surpreendente, justamente na estreia, quando o time precisava do resultado para
procurar acertar novos jogos.
O goleiro
Manuelzinho ficou de fora, tendo sido escalado seu reserva, Ciscador. A alegação
era a de que as traves eram muito altas para o caruaruense Manuelzinho, um
jogador baixinho. Pelo que se sabe, as medidas são iguais em qualquer lugar do
mundo.
LEÃO GOLEIA
Verdade
ou não, no dia 11 de janeiro, no Estádio Belfort Duarte, os pernambucanos
voltaram a enfrentar o Coritiba, estabelecendo uma goleada de 4 x 0, gols de
Ademir (2), Magri e Djalma. O Sport alinhou: Manuelzinho; Brás (um paulista que
estava sem clube e se integrara à delegação) e Zago; Pitota, Furlan e
Castanheira; Djalma. Ademir, Pirombá, Magri
e Valfredo.
A
terceira partida entre os coxas-brancas e os rubro-negros estava garantida. Era
o tira-teima de que falara Palmeira, uma vez que cada equipe havia ganho uma
partida.
Porém,
antes do terceiro Coritiba x Sport, os pernambucanos enfrentaram o Britânia,
obtendo uma apertada vitória de 1 x 0, num jogo violento, disputado debaixo de
chuva. O gol foi de Valfredo e houve dois fatos que marcaram essa partida, mais
do que o futebol propriamente dito. Assistindo ao jogo ao lado dos dirigentes
do Britânia, o chefe da delegação, Hibernon Wanderley, ficou profundamente
agastado com as jogadas violentas e, no intervalo, dirigiu-se ao vestiário para
passar um carão nos jogadores.
TÉCNICO X DIRIGENTE
De
temperamento explosivo, o técnico Ricardo Diez reagiu bruscamente e os dois só
não foram às tapas por causa da interferência do corpulento zagueiro Zago. À noite, afastado da delegação pelo dirigente,
o treinador dormiu noutro hotel, mas pela manhã os jogadores apresentaram a
Hibernon um abaixo-assinado pedindo sua permanência. Embora não tivessem tido
uma resposta de imediato, terminaram sendo atendidos.
O
outro caso envolveu o juiz, o também temperamental Palmeira, que não suportou
as chacotas de um torcedor, e a certa altura interrompeu o jogo e o agrediu,
sem levar em conta que estava na casa dos outros.
BRITÂNIA:
Francisquinho; Bororó e Cristóvão; Magro, Efigênio e Pereira; Sanin, Inho, Bonái
(Lanzoni), José e Bugrinho.
SPORT: Manuelzinho; Brás e
Zago; Pitota, Furlan e Castanheira; Djalma, Ademir, Pirombá, Magri e Valfredo.
Ansiosamente
esperada, a negra com o Coritiba
realizou-se no campo do Alto da Glória. Como não poderia deixar de ser, o
estádio ficou apinhado de torcedores, que viram uma categórica vitória dos
pernambucanos sobre os paranaenses: 3 x 1. Pirombá foi a grande figura do jogo,
marcando todos os gols do Sport. O gol de honra do Coritiba foi de Carnieri.
Desta vez o juiz da delegação ficou de fora, tendo sido o encontro dirigido por
um árbitro local, Ataíde Santos.
CORITIBA:
Ari; Breyer (Bororó) e Augusto; Barreiro (Tonico), Ferreira e Jango; Batista,
Carnieri, Nego (Altivir), Rubinho e Saul.
SPORT: Manuelzinho; Rubens
e Zago; Pitota, Furlan e Castanheira; Djalma, Ademir, Pirombá, Magri e
Valfredo.
Antes
de fazer a praça de Porto Alegre, o Sport despediu-se dos paranaenses aplicando
uma goleada de 5 x 0 no Savoia, num jogo em que todo o ataque marcou: Djalma,
Ademir, Pirombá, Magri e Valfredo.
Na
viagem de ônibus para a capital do Rio Grande do Sul, ao passar por Joinville,
em Santa Catarina, o Sport enfrentou um combinado local, derrotando-o por 5 x
3. Os gols dos pernambucanos foram assinalados por Magri (3), Pirombá e Ademir.
Spo Cori 42
Sport e Coritiba entram em campo. Os goleiros Manuelzinho e Ari conduzem uma
bandeira. Depois de Manuelzinho, aparece Furlan, de gorro, e mais atrás,
Ademir, a grande sensação do time pernambucano (Acervo Maurício Apolônio)
Ary Nogueira César, paranaense, goleiro da Seleção Brasileira nos Sul-Americanos de 1945 (Chile) e 46 (Argentina).
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